Fact-Check

Ambiente


O sistema alimentar globalizado é o maior destruidor de biodiversidade Mundial.

Verdadeiro. Segundo dados da ONU, e de outras entidades, o actual sistema
alimentar globalizado, assente na produção, distribuição, consumo e gestão de
resíduos, é o maior factor de destruição da biodiversidade, nomeadamente de perda
de florestas, pântanos e outros biomas fundamentais ao equilíbrio ecológico.

Fontes:
https://www.unep.org/news-and-stories/press-release/our-global-food-system-primary-driver-biodiversity-loss
https://op.europa.eu/webpub/eca/special-reports/biodiversity-13-2020/en/
https://www.fao.org/news/story/en/item/1180463/icode/

A adoção de uma dieta de base vegetal é uma das formas individuais mais eficazes para evitar a sexta extinção em massa.

Verdadeiro. Segundo o relatório de Chatham House existem 3 soluções possíveis para minimizar a gritante perda de biodiversidade e o colapso dos ecossistemas:
1) Passar para uma alimentação à base de plantas;
2) Restaurar a biodiversidade em área degradadas;
3) Produzir em modo biológico.
Fonte:
https://www.chathamhouse.org/2021/02/food-system-impacts-biodiversity-loss

São necessários mais de 15.000 litros de água para produzir 1 Kg de carne de vaca.

Verdadeiro. São precisos 15.400 litros de água para produzir apenas 1 quilograma de carne de vaca. Para a carne de ovelha 8.763 litros, de porco 5.988 litros e de frango 4.325 litros. Com os riscos associados à seca severa é crucial fazer uma gestão sensata dos recursos hídricos.

Fontes:
https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:EU:b0fe55ca-e7f7-4511-b5ce-5b23c7deb711
https://www.pnas.org/doi/epdf/10.1073/pnas.2120584119

https://www.waterfootprint.org/resources/interactive-tools/product-gallery/


A soja que os vegetarianos comem é a principal responsável pela desflorestação da Amazónia.

FalsoCerca de 77% da soja produzida a nível mundial (87% na nível da União Europeia) serve para a alimentação de animais de pecuária. 4% é usado em biocombustíveis e lubrificantes industriais. Apenas 7% é destinada diretamente ao consumo humano. De facto, a UE dedica apenas 3% das suas terras aráveis ​​à produção de proteaginosas e importa mais de 75% do seu fornecimento de proteínas vegetais, principalmente do Brasil, da Argentina e dos EUA. 

Fontes:
https://ourworldindata.org/soy
https://www.greenpeace.org/static/planet4-eu-unit-stateless/2022/05/c91d5f17-092020-local-ecological-agriculture-protein-self-sufficiency.pdf
https://oeil.secure.europarl.europa.eu/oeil/popups/summary.do?id=1530677&t=e&l=en


O lobby da carne e do leite está a bloquear o desenvolvimento de alternativas de base vegetal.

Verdadeiro. Os investigadores concluíram que o lobby da carne e do leite exerceram a sua influência política para manter o sistema inalterado e para obstruir a concorrência criada pelas inovações tecnológicas. Estes obstáculos à expansão das tecnologias alternativas estão relacionados com políticas públicas que ainda financiam massivamente o status quo, agravando as alterações climáticas e a perda de biodiversidade.

Fonte:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2590332223003470


A carne é o alimento que mais pesa na crise climática.

Verdadeiro. Cada quilograma (kg) de carne consumida adiciona ao ambiente, em média, 99,5 kg de gases com efeito de estufa (GEE). De acordo com uma análise realizada por investigadores do projecto Our World In Data da Universidade de Oxford, o consumo de carne bovina é 2,5 vezes – 250% – pior para o clima do que o segundo classificado, ovino e cordeiro. Comer carne bovina exerce 4 vezes mais pressão sobre a atmosfera do que comer queijo. É mais de 7 vezes pior que o peixe de viveiro, 8 vezes pior que a carne de porco e 10 vezes pior que ingerir aves. É 21 vezes pior que ovos. Quando comparados com frutas, hortícolas e leguminosas, os impactos do consumo de carne de vaca são ainda piores. O estudo da revista científica Science descobriu que, em média, a produção de um Kg de carne bovina contribui 22 vezes mais para a crise climática do que a produção de um Kg de arroz e 63 vezes mais do que a produção de um Kg de trigo. Vários legumes, frutos e nozes eram 200 vezes mais eficientes em termos climáticos que a carne bovina.

Fontes:
https://www.science.org/doi/10.1126/science.aaq0216v
https://ourworldindata.org/grapher/ghg-per-kg-poore
https://www.nature.com/articles/s43016-023-00795-w
https://www.oc.eco.br/producao-de-comida-responde-por-74-das-emissoes-do-brasil/


Um regime alimentar omnívoro é melhor para o ambiente.

Falso. Estudos mostram que a dieta vegana é a que tem menor impacto no ambiente. Segundo dados recentes, pode reduzir até 75% das emissões de gases com efeito de estufa, minimizar a delapidação da biodiversidade em 66% e gastar até menos 54% de água.

Fontes:
https://www.nature.com/articles/s43016-023-00795-w
https://unfccc.int/blog/we-need-to-talk-about-meat
https://www.plantbaseddata.org/post/stateofdairy
https://www.nature.com/articles/s41467-023-40899-2#Sec8


60% de todos os mamíferos da Terra são gado.

Verdadeiro. Os seres humanos representam apenas 0,01% de toda a vida animal no planeta, mas já levaram à extinção de cerca de 83% dos mamíferos selvagens. De todos os mamíferos da Terra, 96% são animais domésticos e humanos (sendo que daqui 60% são gado) e apenas 4% são mamíferos selvagens.

Fontes:
https://www.pnas.org/doi/full/10.1073/pnas.1711842115
https://ourworldindata.org/wild-mammals-birds-biomass


Se todos passarem a comer apenas carne produzida em modo extensivo resolvemos o problema das alterações climáticas.

Falso. Se passássemos todos para uma alimentação baseada em modos extensivos de produção pecuária precisaríamos de secar todos os rios, cortar todas as florestas, arrasar todas as cidades, transformar todos os desertos e, mesmo assim, ainda iremos continuar a importar carne da América do Sul e de outras fontes.

Fonte:
https://www.nature.com/articles/s41893-018-0138-5


Se todos consumissem como os Portugueses, precisávamos de três planetas.

Verdadeiro. Se cada pessoa no planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria cerca de 2,9 planetas em recursos para sustentar as suas necessidades. Portugal está entre os países que esgotam mais cedo os recursos disponibilizados pela Terra. Este ano, Portugal atingiu o Dia da Sobrecarga da Terra a 7 de maio, tal como aconteceu em 2022.

Fonte

https://overshoot.footprintnetwork.org/newsroom/country-overshoot-days/


O impacto da expansão urbana e agrícola e consequente desflorestação do planeta é quatro vezes maior do que se pensava anteriormente. Mas se todos adotarmos uma dieta de base vegetal reduzimos a terra necessária para agricultura de 4 para 1 bilião de hectares.

Verdadeiro. Se todos mudassem para uma dieta vegetariana estrita, reduziríamos o uso global da terra para a agricultura em 75%. Esta massiva redução da utilização das terras agrícolas seria possível devido à redução das terras utilizadas para pastagens e a uma menor necessidade de terras para o cultivo intensivo e direccionado para rações de pecuária.

Fonte:
https://landchange.imk-ifu.kit.edu/news/global-land-use-change-four-times-greater-estimated
https://www.nature.com/articles/s41467-021-22702-2
https://ourworldindata.org/land-use-diets


O lobby da indústria da carne bloqueou a recomendação para transitar para uma alimentação de base vegetal no último relatório do IPCC.

Verdadeiro. Uma recente fuga de informação do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), divulgado a 20 de março de 2023, evidenciou uma alteração substancial na redação do relatório final, impulsionada por países com forte influência da indústria da carne e do leite como o Brasil e a Argentina que tem feito esforços para excluir referências a dietas de base vegetal e à pegada carbónica da carne (algo evidente numa outra fuga de informação em 2021 analisada pelo Unearthed da Greenpeace). Segundo a informação que vazou, os autores do relatório do IPCC recomendaram inicialmente uma mudança para dietas de base vegetal, afirmando que estas podem reduzir as emissões de GEE até 50% em comparação com a dieta ocidental. O relatório final publicado alterou toda essa linha apelando apenas para a adopção de dietas saudáveis, equilibradas e sustentáveis reconhecendo as necessidades nutricionais, contornando uma menção direta à carne de vaca e aos laticínios e ignorando os impactos destes produtos no ambiente.

Fontes:
https://unearthed.greenpeace.org/2021/10/21/leaked-climate-lobbying-ipcc-glasgow/
https://scientistrebellion.org/
https://scientistrebellion.org/about-us/leaked-ipcc-report/
https://drive.google.com/drive/folders/1L_IXyVOeKetQbGXxTopQwhKrTIFr-usc
https://mronline.org/2022/04/27/how-the-corporate-interests-and-political-elites-watered-down-the-worlds-most-important-climate-report/
https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/
https://wires.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/wcc.814
https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/downloads/report/IPCC_AR6_SYR_LongerReport.pdf


A pesca não contribui para as alterações climáticas.

Falso. A pesca é uma atividade que consome muita energia e produz grandes quantidades de emissões de gases com efeito de estufa (GEE). Num estudo científico recente publicado na Marine Policy, constatou-se que os navios de pesca libertaram aproximadamente 207 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera só em 2016. Como tal, comer peixe pode ser pior para o clima do que se pensava, de acordo com um estudo científico recente. Pesquisas anteriores indicaram que os produtos piscícolas têm uma pegada de carbono inferior à de outras proteínas animais porque a pesca não requer práticas agrícolas ou pecuárias. Mas um novo estudo afirma que a captura de peixe com redes pesadas que se arrastam pelo fundo do mar – a chamada pesca de arrasto de fundo – emite globalmente uma quantidade de CO2 similar à da indústria da aviação.

Fonte:
https://our.fish/publications/decarbonising-the-eu-fishing-fleet-lessons-from-todays-shipping-industry/#:~:text=Fishing%20is%20an%20energy%2Dintensive,et%20al.%2C%202019)
https://stopfossilfuelsubsidies.eu/wp-content/uploads/2022/08/OurFish-ClientEarth_Decarbonising-the-fleet_priorities_July22.pdf
https://europe.oceana.org/wp-content/uploads/sites/26/2023/01/A-PATHWAY-TO-DECARBONISE-THE-EU-FISHERIES-SECTOR-BY-2050-Digital-Version.pdf
https://www.nature.com/articles/s41586-021-03371-z.epdf
https://www.co2everything.com/co2e-of/fish#:~:text=One%20serving%20(100g)%20of%20Fish.,or%206.8km%20of%20driving


 

Saúde


Uma dieta de base vegetal aumenta o risco de declínio cognitivo.

Falso. As mulheres que mantêm dietas de base vegetal na meia-idade (40-60 anos) têm
menos probabilidade de sofrer perda de memória e outros declínios cognitivos na
velhice, de acordo com um estudo baseado no acompanhamento médico de mais de 5
mil mulheres ao longo de 30 anos publicado em Outubro de 2023 pela revista científica
Alzheimer’s & Dementia. A investigação, liderada por cientistas da faculdade de
Medicina da Universidade de Nova Iorque, conclui que a mudança do estilo de vida das
mulheres na meia-idade – com dietas ricas em alimentos vegetais contendo potássio,
cálcio e magnésio, e com uma quantidade mínima de gorduras saturadas, sódio e
açúcar – tem um impacto positivo na função cognitiva a partir dos 60 anos./span>

Fonte:

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/mnfr.202100606
https://alz-journals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/alz.13468
https://nuonhealth.com.br/demencia-dieta-saudavel-entre-40-e-60-anos-previne-
declinio-cognitivo/



Uma dieta vegetariana estrita causa deficiência de cálcio.

Falso. Existem inúmeras bebidas vegetais fortificadas com cálcio e inúmeros alimentos ricos neste mineral como o feijão branco, a chia, os brócolos, a couve, a aveia, entre outros. 

Fonte:
https://alimentacaosaudavel.dgs.pt/nutriente/calcio/


A Dieta Vegana é a menos eficaz na prevenção de doenças cardíacas.

Falso. O estudo feito pela American Heart Association (AHA) concluiu que a dieta vegana reduziu significativamente a inflamação sistémica e melhorou os perfis lipídicos em pacientes.

Fonte:
https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/JAHA.118.011367


As dietas de base vegetal equilibradas ajudam a prevenir doenças crónicas

Verdadeiro. A principal conclusão de dois estudos de metanálise feita com vários estudos evidencia sempre que a dieta de base vegetal está associada a um menor risco de doenças crónicas.

Fontes:
https://adventisthealthstudy.org/about
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12639222/
https://www.ceu.ox.ac.uk/research/epic-oxford-1
https://adventisthealthstudy.org/studies/AHS-2


O consumo de carne pode contribuir para o surgimento de cancro.

Verdadeiro. No final de 2015, a Organização Mundial de Saúde, através da sua Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC, na sigla em inglês), classificou a carne vermelha como “possivelmente carcinogênica em humanos – com provas ainda limitadas de que o consumo de carnes vermelhas provoca cancro em humanos” e aconselhou prudência no consumo de carne processada. Neste estudo, que relacionou o impacto do consumo de carne processada e de carne vermelha no risco de desenvolvimento de cancro, os investigadores comprovaram também que a carne processada (independentemente de se tratar de vermelha ou não) é, de facto, carcinogênica em humanos. Ou seja, o seu consumo é um fator de risco importante no desenvolvimento de cancro colorretal: por cada 50g de carne processada ingerida diariamente, o risco de desenvolver cancro colorretal aumenta 18%. Por outro lado a revisão, publicada na revista Science, descobriu que níveis elevados de consumo de carne (não apenas processadas usadas) também têm consequências negativas para a saúde, levando a um risco aumentado de cancro colorrectal e possivelmente de doenças cardiovasculares.

Fonte:
https://www.who.int/news-room/questions-and-answers/item/cancer-carcinogenicity-of-the-consumption-of-red-meat-and-processed-meat  https://www.science.org/doi/10.1126/science.aam5324


Os  veganos têm de tomar suplementos de tudo e mais alguma coisa.

Falso. Recomenda-se que quem segue uma alimentação estritamente vegetariana siga uma suplementação de Vitamina B12, que, tanto quanto se sabe, não existe naturalmente em fontes vegetais e deve ser obtida, no caso das dietas de base vegetal, através de alimentos fortificados ou suplementos. Como explicado no guia definitivo de Sandra Gomes Silva, a maioria dos nutrientes “importantes” estão presentes em alimentos de origem vegetal. 

Fontes:
http://ovegetariano.pt/ebook/
https://www.avp.org.pt/melhorar-absorcao-nutrientes-alimentos-de-origem-vegetal/


Aumentar o consumo de proteína vegetal pode reduzir o risco de doença renal crónica.

Verdadeiro. O maior consumo de proteína vegetal pode diminuir o risco de doença renal crónica (DRC), de acordo com um estudo publicado no American Journal of Kidney Diseases. O estudo acompanhou 117.809 participantes durante quase uma década para examinar o efeito da proteína vegetal na incidência de DRC. No total, os investigadores encontraram cerca de 3.745 casos de DRC (3,2% dos participantes) entre aqueles que ingeriram maiores quantidades de proteínas vegetais, apresentando taxas mais baixas da doença. As conclusões reforçam estudos anteriores que sugerem uma ligação entre uma dieta  de base vegetal e melhores resultados de saúde.

Fonte:
https://www.ajkd.org/article/S0272-6386(23)00742-4/fulltext


Comer carne vermelha está associado a maior risco de diabetes tipo 2

Verdadeiro. Um estudo realizado por pesquisadores de Harvard sugere que comer apenas duas porções de carne vermelha por semana aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida. E o risco aumenta ainda mais com o maior consumo, de acordo com o estudo publicado a 19 de outubro de 2023 no American Journal of Clinical Nutrition.

Fonte:
https://ajcn.nutrition.org/article/S0002-9165(23)66119-2/fulltext
https://www.hsph.harvard.edu/news/press-releases/red-meat-consumption-associated-with-increased-type-2-diabetes-risk/


 

 

Bem-estar animal


Todos os dias morrem 900.000 vacas para suportar a procura humana por carne.

Verdadeiro. Morrem a cada dia 900.000 vacas, 1,4 milhões de cabras, 1,7 milhões de
ovelhas, 3,8 milhões de porcos, 11,8 milhões de patos, 202 milhões de galinhas e centenas de milhões de peixes.

Fonte:
https://ourworldindata.org/how-many-animals-get-slaughtered-every-day

O lobby da carne e do leite inviabilizou a revisão da legislação de bem-estar animal prometida aos cidadãos pela Comissão Europeia

Verdadeiro. No ano de 2021, entre outras metas para a melhoria do bem-estar animal, a União Europeia tomou uma decisão histórica de eliminar gradualmente o uso de gaiolas na criação de animais de pecuária, abrangendo galinhas, frangos, porcos, vitelos, coelhos e codornizes. Esta medida, apoiada por 89% dos cidadãos europeus, veio em resposta a uma petição que recebeu mais de um milhão de assinaturas, demonstrando a urgência pública por melhores condições para os animais de pecuária. No entanto, o que deveria ser um avanço significativo em termos de bem-estar animal acabou travado pelo lobby da carne e do leite.

Fontes:
https://www.theguardian.com/environment/2023/oct/23/lobby-groups-fought-hard-and-dirty-against-eu-ban-on-caged-farm-animals
https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/ip_23_4951
https://www.lighthousereports.com/investigation/animal-welfare-wrecked/
https://www.politico.eu/article/copa-cogeca-farmering-lobby-europe/


Qualquer incidente reportado por investigações secretas, usualmente por ONG, tende a ser um caso isolado, pois, no geral, a produção de animais para consumo na UE respeita o bem-estar animal, havendo regulamentação e supervisão muito fortes em território Europeu.

Falso. O número de infrações reportadas e a geografia das mesmas – por toda a UE – denotam que a produção industrial de animais para consumo viola constantemente as atuais leis de proteção animal da UE, que por sua vez já foram oficialmente identificadas pela entidade Europeia EFSA como insuficientes, vagas, desatualizadas e muito frequentemente não cumpridas (desde a produção, ao transporte e morte).

Fontes:
https://www.publico.pt/2019/11/25/p3/noticia/como-e-trabalhar-num-matadouro-esquecer-que-o-animal-tem-sentimentos-e-crucial-1894419
https://www.efsa.europa.eu/en/news/more-space-lower-temperatures-shorter-journeys-efsa-recommendations-improve-animal-welfare
https://www.efsa.europa.eu/en/news/efsa-better-housing-needed-dairy-cows-ducks-geese-and-quail-improve-welfare
https://www.ciwf.org.uk/our-campaigns/other-campaigns/investigations/


Os porcos são animais pouco sensíveis e inteligentes.

Falso. Os porcos são considerados animais inteligentes, sencientes e comparáveis aos cães em termos de habilidades cognitivas. Eles são capazes de aprender truques, reconhecer comandos e até mesmo resolver problemas simples.

Fonte:
https://www.nature.com/articles/s41598-022-07300-6
https://www.wellbeingintlstudiesrepository.org/cgi/viewcontent.cgi?article=1000&context=mammal
https://link.springer.com/article/10.1007/s10071-020-01410-2 https://www.mdpi.com/2076-2615/12/1/113


O peixe que comemos contribui para a morte de golfinhos.

Verdadeiro. O peixe que termina nos nossos pratos provoca muitas vezes outras vítimas que não vemos. Frequentemente, não se trata apenas da captura da espécie desejada, mas também da de muitos outros animais indesejáveis – a chamada pesca acessória (ou bycatch). Cerca de 40% do pescado mundial é capturado acidentalmente e é parcialmente atirado de volta ao mar, morto ou em vias de morrer. Entre as espécies ameaçadas estão vários cetáceos como golfinhos, mas também aves, tartarugas e tubarões.

Fontes:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0308597X09000050
https://www.fishforward.eu/pt-pt/project/by-catch/
https://www.wwfca.org/?162142/Forty-percent-of-global-fisheries-catch-wasted-or-unmanaged—WWF
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0308597X09000050


Os polvos, caranguejos e lagostas são seres sencientes, e não devem ser cozidos vivos, pois são capazes de sentir dor.

Verdadeiro. Polvos, crustáceos e lagostas são capazes de sentir dor e sofrimento, de acordo com um estudo encomendado pelo executivo britânico, que acrescentou estes animais a uma lista de seres sencientes protegidos ao abrigo de um novo projeto de lei dedicado ao bem-estar animal. Fundamental para a inclusão destes animais na categoria de seres sencientes foi a descoberta de que têm sistemas nervosos centrais complexos. O relatório utilizou oito critérios diferentes relacionados com a função neurológica e comportamento dos animais, para medir a sua senciência. Aferiram, por exemplo, da capacidade de aprendizagem, presença de receptores de dor, ligações entre os receptores de dor e certas partes do cérebro, resposta a analgésicos e anestésicos, e ainda comportamentos como o equilíbrio entre ameaça e oportunidade de recompensa, ou proteção contra lesões ou ameaças. Os animais que preencheram mais requisitos foram os polvos. Os cientistas encontraram provas “muito fortes” de senciência em polvos, e provas “fortes” em relação à maioria das espécies de caranguejos. Para os restantes animais destes grupos, como lulas, chocos, lagostas, etc. foram encontradas provas “substanciais”.

Fonte:
https://www.lse.ac.uk/News/News-Assets/PDFs/2021/Sentience-in-Cephalopod-Molluscs-and-Decapod-Crustaceans-Final-Report-November-2021.pdf


As galinhas são pouco inteligentes e incapazes de conexões sociais.

Falso.  Na verdade, as galinhas têm personalidade própria e  exibem padrões complexos de interação e uma noção de números. As galinhas também se comunicam de forma interessante: o repertório delas conta com vários movimentos e gestos, bem como cerca de 24 sons diferentes, muitas vezes utilizados para alertar perigo. De acordo um estudo recente, esse tipo de interação exige que os animais tenham consciência da perspectiva deles mesmos e dos outros. Elas possuem ainda um ótimo poder de dedução, conseguindo antecipar os movimentos umas das outras. O estudo ressalta ainda que as galinhas sentem medo, antecipação, empatia e ansiedade  e que essas emoções influenciam na forma como interagem. 

Fonte:
https://link.springer.com/article/10.1007/s10071-016-1064-4


A União Europeia é o maior exportador de animais vivos do Mundo.

Verdadeiro. Uma  análise dos dados da FAO revela que a UE poderá ser responsável por até 80% do transporte comercial de animais vivos. Dados globais fornecidos ao Guardian pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam que 1,8 mil milhões de galinhas, porcos, ovinos, caprinos e bovinos vivos foram transportados através da fronteira em 2019. Estima-se que a UE seja responsável por mais de três quartos desse total. “Uma grande parte do movimento transfronteiriço de animais vivos ocorre na UE”, disse a responsável pelo desenvolvimento pecuário da FAO, Anne Mottet.

Fonte:
https://www.theguardian.com/environment/2021/jan/27/eu-revealed-to-be-worlds-biggest-live-animal-exporter 


 

Questões Sociais


O vegetarismo em Portugal é uma moda.

Falso. Já em 1908 que o médico Amílcar de Souza, especialista em dietética e nutrição, decidiu divulgar as vantagens de uma alimentação sem carne e sem peixe junto da burguesia portuense. Para difundir o conceito de forma mais ampla, lançou a revista mensal "O Vegetariano", publicada entre 1909 e 1935. Em 1911, foi fundada no Porto a Sociedade Vegetariana de Portugal, que publicaria em 1916 o primeiro livro de receitas vegetarianas português.

Fontes:
https://noticias.up.pt/os-vegetarianos-utopicos-de-ha-100-anos-revelam-se-na-u-
porto/

https://expresso.pt/sociedade/2019-11-19-Salvo-pelos-fructos-a-historia-de-uma-
utopia-vegetariana-portuguesa-1

https://sigarra.up.pt/reitoria/pt/func_geral.formview?p_codigo=215533
https://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/arquivo/?p=creators/creator&id=1037
https://spotify.link/IKGrpi0C5Cb


Portugal é o maior consumidor de peixe per capita da União Europeia e um dos maiores do Mundo.

Verdadeiro. Os portugueses continuam a ser os maiores consumidores de peixe, per capita, na UE, revela relatório do European Market Observatory for Fisheries and Aquaculture Products (EUMOFA). Em 2020, em média, cada indivíduo consumiu 59,9 Kg de peixe, 2,5 vezes mais do que a média registada na UE, representando um gasto de 371 euros, quase o triplo da média UE-27 de 133 euros.

Fontes:
https://ourworldindata.org/grapher/per-capita-meat-type
https://www.eumofa.eu/documents/20178/477018/EN_The+EU+fish+market_2021.pdf/27a6d912-a758-6065-c973-c1146ac93d30?t=1636964632989


Os alimentos à base de plantas em Portugal representam um mercado de 64,7 milhões de euros.

Verdadeiro. Os dados das vendas demonstram que a procura do consumidor está a crescer, já que as vendas de alimentos à base de plantas em euros aumentaram 20% entre 2020 e 2022, para € 64,7 milhões. O leite vegetal é a categoria de produtos vegetais mais desenvolvida em Portugal e registou um crescimento constante entre 2020 e 2022. As vendas de carne à base de plantas em euros continuam a aumentar, crescendo 85% entre 2020 e 2022.

Fontes:
https://gfieurope.org/wp-content/uploads/2023/03/Translated-Portugal-report.pdf
https://gfieurope.org/wp-content/uploads/2023/04/2020-2022-Portugal-retail-market-insights.pdf


Precisamos de criar mais animais para evitar que haja mais fome no Mundo.

Falso. A indústria pecuária contribui para a insegurança alimentar através do seu impacto nas alterações climáticas. Para além disso, a criação de animais é ineficiente quando comparada com o cultivo de plantas para alimentar diretamente os seres humanos. Em 2023, alimentamos e abatemos mais de 75 mil milhões de animais terrestres todos os anos. Para alimentar os 8 mil milhões de humanos na Terra são necessários 25 quilos de cereais para produzir apenas meio quilo de carne bovina – enquanto culturas como a soja e as lentilhas produzem, quilo por quilo, tanta proteína como a carne bovina. Acresce que apenas uma pequena fração da energia vegetal consumida por um animal é convertida em proteína comestível. A maior parte da energia das colheitas destinadas aos animais de criação é utilizada para alimentar o seu próprio metabolismo, sendo que apenas uma fracção desses cereais e outras plantas é transformada em carne. Depois, há a questão do solo que pode produzir entre 2 a 20 vezes mais alimentos vegetais do que alimentos de origem animal. Estamos essencialmente a utilizar vinte vezes a quantidade de terra e culturas, e centenas de vezes a água, bem como a poluir os nossos cursos de água e o ar e a destruir florestas tropicais, para produzir animais para matar e comer.

Fontes:
https://faunalytics.org/global-animal-slaughter-statistics-charts-2022-update/
https://awellfedworld.org/feed-ratios/


As populações mais afetadas pelas alterações climáticas são as que menos contribuem para esse cenário. A adopção de uma alimentação de base vegetal em países mais ricos pode ajudar a minimizar esse cenário.

Verdadeiro. As alterações climáticas são mais do que uma crise ambiental – são uma crise social e obrigam-nos a abordar questões de desigualdade a vários níveis: entre países ricos e pobres. De acordo com o ACNUR, o número médio de refugiados climáticos forçados a emigrar todos os anos devido a transformações ambientais que são provocadas pelas alterações climáticas é de cerca de 20 milhões. Consumir menos produtos de origem animal nos países ricos ajudaria a reduzir em mais de 60% as emissões poluentes da produção agrícola, e melhoraria a saúde da população global.

Fontes:
https://www.nature.com/articles/s43016-021-00431-5
https://www.google.com/url?q=http://www.unhcr.org/climate-change-and-disasters.html&sa=D&source=docs&ust=1697030389256131&usg=AOvVaw19aWDEngw-pM1QuNR3lVu6
https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/30797/EGR2019.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://wid.world/world/#lpfghg_p90p100_z/US;FR;DE;CN;ZA;GB;WO/2019/eu/k/p/yearly/l/false/1.6940000000000004/100/curve/false/country
https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.1816020116


Boa parte das doenças zoonóticas são uma consequência da forma como produzimos, distribuímos e consumimos produtos de origem animal.

Verdadeiro. Após a explosão da Covid-19 no mundo, a ONU publicou um relatório que analisa mais de perto a nossa relação com as doenças zoonóticas. A vida selvagem, e a nossa crescente proximidade com a vida selvagem, é a fonte mais comum, mas os animais de criação não são apenas fontes originais, podem ser fontes de transmissão ou hospedeiros de ligação, transportando a infecção da natureza para os humanos. Sem surpresa, a grande maioria dos animais envolvidos em eventos zoonóticos históricos ou zoonoses atuais são domésticos (são animais de pecuária), o que é lógico, uma vez que as taxas de contacto são elevadas. Aqui ficam algumas das doenças que nos afetaram devido à nossa crescente demanda por carne. Tuberculose Bovina, Febre Q, Doença das vacas Loucas (Encefalopatia Espongiforme Bovina EEB, conhecida como BSE), H5N1 Gripe das Aves, Vírus Nipah, SARS-CoV-2, H7N7, H1N1 – Febre Suína e Epidemia de MERS.

Os países mais ricos são os que mais consomem carne. No entanto, o fenómeno de status e poder associado ao aumento de consumo de produtos animais a que assistimos sobretudo no último século em Portugal, na Europa e nos Países Ocidentais está a decorrer em outras partes do mundo.

Verdadeiro. Os países de rendimento médio, especialmente a China e outros na Ásia Oriental, registam um forte aumento. Uma análise recente da ONU revelou um aumento previsto no consumo global de carne de 76% até meados do século, incluindo uma duplicação do consumo de aves, um aumento de 69% na carne bovina e um aumento de 42% na carne suína. Resta saber como pode o nosso planeta abastecer uma população de 10 mil milhões ou mais de pessoas com a quantidade de carne atualmente consumida na maioria dos países de rendimento elevado sem efeitos negativos substanciais no ambiente e sobretudo nas populações mais frágeis.

Fontes:
https://www.fao.org/fileadmin/templates/esa/Global_persepctives/world_ag_2030_50_2012_rev.pdf
https://www.jstor.org/stable/j.ctt201mq1r
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8262125/
https://foreignpolicy.com/2022/10/09/world-meat-consumption-data-gdp-diet-alternative-proteins/